Início do cabeçalho do portal da UFERSA

Centro de Ciências Agrárias - CCA

Carnaúba
[Copernicia prunifera (Mill.) H. E. Moore]
– Arecaceae –

O vocábulo carnaúba provém de caranaúba (ou caranaíba), que em tupi significa árvore que arranha ou árvore escamosa, em alusão ao aspecto agressivo da planta enquanto jovem, conferido pela permanência das partes inferiores das folhas (bainhas e porções basais dos pecíolos) no terço inferior.

A primeira descrição da carnaúba foi publicada por Georg Marcgrav, na obra “Historiae rerum naturalium Brasiliae”, impressa em Amesterdão, em 1648, referindo-se às denominações utilizadas pelos povos aborígines tupis (carana iba) e carirís (ananachicariri). Em 1810, em sua “Centúria de Plantas Novas de Pernambuco”, o padre e médico Manuel de Arruda da Câmara apõe-lhe o binômio Corypha cerifera. Em 1837, M(anuel) A(ntonio) de Macedo reclassifica-a como Arrudaria cerifera, em sua “Notice sur le Palmier Carnauba”, publicada em Paris, combinação esta atualmente na lista de nomes ilegítimos. Em 1924, Carl Friedrich Phillip von Martius, reclassifica-a como Copernicia cerifera e fornece uma descrição mais detalhada na obra “Genera et Species Palmarum quas vidi in itinere per Brasiliam annis 1817-1820”, impressa em Mônaco. Essa reclassificação foi utilizada como válida até que Harold E. Moore Jr., reconhecendo que o binõmio Palma prunifera, de Philip Miller, publicado na oitava edição do “Gardener’s Dictionary”, em 1768, em Londres, referia-se à carnaúba, a reclassifica, utilizando o princípio de prioridade, como Copernicia prunifera, no v. 9 de Gentes Herbarum, publicado em 1963.

 
A espécie distribui-se por todos os estados do Nordeste do Brasil, norte de Minas Gerais, nordeste de Goiás e leste de Tocantins, nas aluviões das várzeas que margeiam os rios e cursos d’água menores. Mas, apesar de habitar geralmente áreas de proteção permanente, os carnaubais atualmente já não são tão adensados.

 
Espécie de estipe único e reto, de até 20 m de altura e 15-25 cm de diâmetro, encimado por um capitel globoso de folhas, na maturidade. À medida que a planta cresce, na base do estipe, surgem raízes do sistema fasciculado. Limbo foliar plicado-flabeliforme, coberto em ambas as faces por uma camada de cera esbranquiçada. Pecíolo longo, de seção quase hemisférica, aculeado nas margens, cuja base se alarga em bainha um tanto proeminente. Flores bissexuais, pequenas, creme-amareladas, dispostas em panículas intrafoliares de até 3 m de comprimento, protegida no início do desenvolvimento por uma espata membranácea e tubulosa, que se torna seca antes da maturidade da inflorescência. Fruto drupa monospérmica, ovóide, verde inicialmente e negra na maturidade. A planta cresce em média 30 cm por ano, floresce geralmente entre 12 e 15 anos de idade e os frutos são dispersos por morcegos e pela água, principalmente nas épocas de cheias.

 
As raízes, principalmente da carnaúba conhecida como branca, são tradicionalmente reputadas como de propriedades medicinais no tratamento de algumas doenças. O estipe contém madeira dura, de coloração amarelo-avermelhada, que tem sido utilizada para diversos propósitos na construção e marcenaria. Das folhas, cuja cera foi extraída manualmente, fabricam-se artesanalmente os mais variados objetos de uso doméstico, além de chapéus de modelos variados. O fruto é fonte de alimento de suínos, caprinos e bovinos, havendo registro de sua utilização por humanos em épocas de escassez durante os períodos prolongados de seca. Contudo, o produto mais importante é a cera, que tem aplicação no fabrico de uma gama de produtos.

 

O símbolo do herbário MOSS é uma folha de carnaúba, estilizada pela arte do Sr. Maninho, funcionário da UFERSA.

Literatura Consultada

Banco do Nordeste do Brasil. A carnaubeira e seu papel como uma planta econômica. Fortaleza: BNB/ETENE,
1972.
Braga, R. (1960). Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. 2ed. Fortaleza: Imprensa Oficial.
Câmara Cascudo, L. da (1964). A Carnaúba. Revista Brasileira de Geografia, ano XXVI, v. 2, p. 159-215.
(Reprodução fac-simile repaginada em Coleção Mossoroense, C, 651; 1991).
Lorenzi, H. et al. (2000). Palmeiras Brasileiras e Exóticas Cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum.

24 de setembro de 2014. Visualizações: 1417. Última modificação: 25/09/2014 11:13:12